AKFADO1
A música é a arte por excelência. De facto, ela é transversal a todas as sociedades, mesmo as mais diminutas, a todos os tempos, mesmo os mais esquecidos pela nossa humanidade. Ninguém consegue alhear-se a esta combinação de sons, chamada música.
É neste contexto de humanidade musical que a nossa Artista se insere. Mas, se todas as crianças vibram com a música o nosso talento desde muito infante, não se contentou apenas com o ouvir música, mas iniciou o aprofundamento desta arte tão milenar quanto a existência do próprio homem.
Deste modo, desde pequena, o seu interesse pelo mundo da música foi manifesto no seu estudo do solfejo e do grande e muito completo instrumento musical chamado acordeão. Mais tarde, já no tempo de descoberta de si mesma, no lindo mas muitas vezes atribulado período da adolescência, frequentou aulas de colocação de voz.
Desde então, o amor à arte de cantar foi-se tornando cada vez mais conspícuo e foi gradualmente tomando consciência das suas capacidades vocálicas, pelo que as suas opções passaram, por deixar, por tempos, o estudo do acordeão, para fazer parte, como vocalista, de uma banda Pop Rock, da qual se havia enamorado.
Alguns enamoramentos, nos montes e vales da vida, levam-nos longe, outros, porém, acabam quando a paixão se esvai. E, dos novos horizontes descobertos, foram surgindo outros convites, entre os quais o de fazer parte do grupo Incantvs, que se dedica ao estudo e interpretação da obra de José Afonso. Aqui tem amadurecido musicalmente, nos convites para atuações que vão surgindo.
Até que, numa primavera musical incontida, o seu gosto, hibernado, pelo fado, voltou ao convívio humano. Hibernação porque, apesar do género musical, cultivado pelos seus progenitores, beirões por inteiro, ser de música tradicional e de não ter sido tão motivada ou incentivada para o fado, como inconscientemente pretendia, era vê-la assaz interessada pelas noites de fado que, com alguma frequência, assentavam arraias em terras beirãs, assim como não perdia uma noite de fados na rádio, permanecendo de ouvidinho bem encostado ao aparelho, ou ainda na tv, frente à qual, e refastelada no seu sofá, se deleitava, fosse qual fosse o tempo de duração do espetáculo.
Em jovem adulta renovou e redescobriu a sua tendência adormecida pelo fado, agora há muito pouco tempo, elevado a património imaterial da humanidade. E um dia o seu big bang no fado aconteceu. Inscreveu-se num concurso de fados e pôs à prova o seu talento. Foi o seu grande momento e, passo a passo, o seu caminho, na arte de bem cantar o fado, vai sendo feito.
Cada vez mais imbuída do espírito de verdadeira fadista tem participado em diversas noites de fados, um pouco por todo o país, e tem, ao mesmo tempo, investido na sua formação musical, retomando ensinamentos, havia algum tempo adiados.
Mantém a serenidade enquanto canta, mas ao mesmo tempo mostra-se fadista na sua performance, pela alma com que canta, pelos gestos que ornamentam o seu canto e pela indumentária que a caracteriza. De estilo castiço, esta nova aquisição no mundo do fado é perseverante sem ser teimosa, esforça-se sem que este esforço diminua o seu brilhantismo em qualquer atuação.
A nossa Fadista vai subindo degrau a degrau a escadaria da fama, sempre consciente de que só a humildade