Chef Ljubomir Stanisic

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Ljubomir Stanisic não come para viver, vive para comer.

É cozinheiro, chefe de cozinha, mas bem mais que isso… É um eterno buscador. Farejador. Dizem que quem procura sempre encontra.

E o que Ljubo tem procurado a vida toda, tem encontrado. Se a sorte protege os audazes?…

Talvez… Certamente foi preciso audácia (e mais umas quantas coisas) para sair da sua Jugoslávia com 19 anos, deixar a família e os amigos e partir para o desconhecido, sozinho. Mas a sorte também se constrói – e, pelos vistos, dá muito trabalho…

Ljubo nasceu em Sarajevo (capital da Bósnia-Herzegovina) no dia 8 de Junho de 1978, mas vive desde 1997 em Portugal. No currículo, carrega diferentes vitórias numa vida de algumas derrotas e muitas lutas gravadas no corpo – e na alma.

Viveu a guerra na Bósnia quando ainda era adolescente, foi obrigado a pegar em armas em vez de andar de bicicleta ou jogar basquetebol, teve de defender velhos e crianças quando ele próprio ainda era uma.

Andou refugiado por diferentes partes da ex-Jugoslávia até chegar a Belgrado – e a essa viagem que o trouxe a Portugal.

Quis fugir de tudo: daquela cultura de guerra, mas sobretudo da falta de futuro.

Foi encontrando motivações à medida que cortava-mundo.

E foi o mundo que o transformou no cozinheiro – na pessoa – que é hoje.

As derrotas, as guerras, tornaram-no mais forte. E as dificuldades fizeram-no apreciar as “pequenas” coisas da vida. As batatas que a mãe cozinhou todos os dias diferentes, quando não tinha mais nada para pôr na mesa, por exemplo…

Ljubo abriu o seu primeiro restaurante em Cascais aos 26 anos e hoje é chefe de cozinha e dono de dois restaurantes em Lisboa.

Mas tornou-se cozinheiro por necessidade, quando ainda estava em Belgrado “emigrado”, com a mãe Rosa e a irmã Natasa. Com 14 anos – e força de 20 – empregou-se numa padaria. Trabalhava à noite e estudava de dia.

Nem sequer gostava do cheiro do pão, mas tinha de sustentar a família.

Adormecia no autocarro a caminho da escola, nas aulas… Hoje percebe a importância dessa experiência – e do contacto com Bobe, o seu patrão: aprendeu assim, com ele, o valor (e a dureza) do trabalho.

Ljubo é o elemento aglutinador. Capaz de mover ventos e marés para chegar onde quer. Apesar de ser um homem sem medos nem rodeios, escuta sempre o coração, está atento aos sinais.

Como aquele que lhe deu a velhinha vidente, deficiente e sem pernas, que afirmavam ser santa, quando ainda estava refugiado em Belgrado: Ljubo ia viver numa cidade no meio de duas águas diferentes… Uma cidade, um país, onde encontrou a paz (e o amor!), a tradução literal do nome “Ljubomir”.

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